A capoeira moderna I: Regional
É a partir do final da década de
1920 que Manuel dos Reis Machado (1900 – 1974), o mestre Bimba, desenvolve na
Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do seu nome, foi a primeira
modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Passamos
a resumir as modificações introduzidas por Bimba na capoeira então existente,
para podermos discutir os aspectos mais controversos em seguida.
Bimba partiu de uma crítica da
capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se
confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas
então no Brasil. (43) Conforme o depoimento de um aluno seu, Atenilo, chegou a
propor aos outros mestres inovações importantes para serem adaptadas em
conjunto, oferta que estes recusaram (Almeida, 1991, p.20). Decidiu então criar
um estilo novo, que passou a ensinar na sua academia, fundada em 1932. (44) Em
1937, a Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia
reconheceu oficialmente a sua academia, outorgando-lhe um certificado de
professor de Educação Física.
Bimba não somente transferiu a
prática da capoeira da rua para um recinto fechado, a academia, mas a
fragmentou em “exercícios fundamentais” a serem praticados diariamente,
“seqüências” e a roda propriamente dita. Em outros termos, como já foi
destacado por muitos autores, criou um método de ensino formal para uma prática
até então predominantemente informal. Uma das inovações mais controversas foi a
introdução de novos golpes, cujo número total aumentou consideravelmente, e de
uma série de movimentos (reunidos por mestre Bimba em uma seqüência denominada
“cintura desprezada”) que usavam o contato físico direto para treinar a
flexibilidade da coluna e a capacidade do capoeirista de cair em pé quando
projetado em um “balão”. A capoeira Regional definia-se, do ponto de vista
técnico, por ser uma luta praticada numa posição mais ereta do que a capoeira
baiana tradicional e de usar golpes mais altos e geralmente mais rápidos.
Bimba também introduziu uma
hierarquia até então inexistente na vadiação baiana, onde distinguiam-se
calouros, formados e formados especializados. Para enfatizar esta hierarquia,
criou um toque de berimbau, Iuna, onde somente alunos formados tinham o direito
de jogar. Os estudantes eram sujeitos a uma estrita disciplina, não deviam
fumar nem beber, e não deviam se envolver em rodas de rua. Esses preceitos
constavam de um mural afixado na academia de Bimba. Outra inovação fundamental
foi a mudança radical do meio social onde recrutava seus alunos. Passou,
durante certo período, a exigir-lhes carteira profissional, e conseguiu atrair
muitos alunos das classes médias. Entre 1939 – 42 chegou a ensinar capoeira no
quartel do Centro de Preparação de Oficinas de Reserva do Exército, no Forte do
Barbalho. Apesar de ter algum
reconhecimento oficial, não conseguiu prosperar economicamente e morreu, como
todos os outros velhos mestres, na pobreza. Foram seus inúmeros alunos que
levaram a capoeira Regional para as outras regiões do país.
O primeiro a propor uma
interpretação do surgimento da capoeira Regional, ultrapassando os meros
lamentos dos tradicionalistas sobre a “descaracterização” da “verdadeira”
capoeira, foi Júlio César Tavares (1984), na tese de mestrado em sociologia
intitulada “Dança da guerra: arquivo-arma”. Não há, no entanto, em sua análise,
uma percepção dicotômica – que veio a predominar posteriormente -, em que se
torna necessária a opção pela Angola ou pela Regional, mas a concepção de que a
Regional está integrada à construção de uma nova “retórica do corpo”. Mais
tarde, em analogia com o trabalho de Ortiz (1978) sobre a umbanda, Alejandro
Frigerio (1989) analisou as mudanças introduzidas pela Regional resultando na
esportização da arte, destacando a crescente burocratização, a incorporação de
elementos das artes marciais orientais, a cooptação ideológica e política pelo
“sistema” e as concepções evolucionistas subjacentes. Tem o cuidado, porém de
diferenciar as práticas de Bimba com o desenvolvimento ulterior da Regional
(1989, p.95) que para ele significa, tanto pelo conteúdo como pelo universo
social dos praticantes, um “embranquecimento” de uma arte negra. Sua análise,
porém peca pelo fato de ele adotar como verdadeiro o discurso dos angoleiros
sobre a capoeira, tanto Regional como Angola, sem dar conta da complexidade e
contradições internas dos dois.
Partindo de um enfoque weberiano,
Luiz Renato Vieira defendeu tese de mestrado em 1990, publicada em 1996, sobre
a Regional como um aspecto da modernização cultural no Brasil. Neste trabalho,
faz uma análise pormenorizada das inovações técnicas introduzidas por Bimba
(Vieira, 1996, p. 144-171) que relaciona com o ambiente político e cultural da
década de trinta. A recodificação dos rituais, símbolos e gestos operada por
Bimba corresponderia a um novo ethos subjacente, que se define, segundo Vieira,
pela oposição à malandragem. “A noção de eficiência, que permeia todas as instâncias
da Capoeira Regional, aparece como o principal princípio de classificação na
visão do mundo que envolve a capoeira criada por Mestre Bimba” (Vieira, 196,
p.162). Finalmente ressalta “a afinidade existente entre as proposições de
Mestre Bimba, enquanto líder, e os interesses dos grupos sociais dominantes no
contexto social em que se inseria” (Vieira, 1996, p.169).
Esta interpretação foi discutida
em dois trabalhos recentes. Antônio Liberac Pires (1996a, p. 38-40) critica,
sobretudo a falta de fontes para corroborar muitas afirmações feitas, e
questiona a validade da reconstrução da história a partir dos discursos da
tradição. Letícia Reis (1993, p. 83-84) pondera que interpretar a Regional
apenas como um projeto moderno e conformista “não dá conta da complexidade e da
dinâmica cultural do mundo da capoeira” e “não consegue explicitar a ambiguidade
da capoeira”. Ela mostra que a Regional “resiste quando se conforma”, guardando
“elementos que reafirmam a identidade étnica nas músicas, nos toques do berimbau
e nos próprios movimentos”.
Estas observações são procedentes
e vão nos ajudar a rediscutir alguns pontos controversos. Não questionam a tese
central que a compreende Regional como uma modernização da capoeira baseada no
modelo autoritário das décadas de 30 e 40, mas permitem relativizá-la. De fato,
Reis, em vez de opor a Regional à Angola em termos de modernização / tradição,
foi a primeira a analisar estas duas modalidades da capoeira como “duas opções
(negras) de esportização” e, portanto, de modernização. Concordamos com a sua análise
e adotamos uma linha parecida neste trabalho, insistindo na distinção entre a
capoeira baiana tradicional, a “vadiação”, e a Capoeira de Angola praticada
hoje.
Voltando ao mestre Bimba: é
significativo o quanto as afirmações feitas por seus alunos, seus biógrafos e
outros mestres diferem entre si quando tratam justamente dos aspectos que dizem
respeito à relação do mestre com a cultura negra e com o poder. Alguns dos
velhos mestres reconhecem que Bimba introduziu golpes de outras lutas (tanto
orientais como ocidentais), sem, no entanto condená-lo por isto. Já Édison
Carneiro (1977, p.14), na sua defesa da capoeira negra e “autêntica”, atribuiu
a esta suposta fusão, que qualificou como “mistura de capoeira com jiu-jitsu,
Box e catch”, um caráter negativo: “A capoeira popular, folclórica, legado de
Angola, pouco, quase nada tem a ver com escola de Bimba”. Na mesma tecla bateu
Jorge Amado, chamando a Regional por esta razão de “deturpação que não merecia
confiança (apud Rego, 269), Waldeloir Rego (1968, p.269, 285-87), apesar do seu
interesse primordial pela capoeira tradicional, fez uma avaliação muito mais
serena das inovações introduzidas por Bimba, ressaltando, além do carisma do
mestre, o ritual de formatura e a importância da cultura negra na mesma.
Os alunos de Bimba que se
tornaram mestres e escritores, como Acordeon (Almeida 1986, p.32), Jair Moura
(1991, p.21, 41) e Itapoan (Almeida 1994, p.48), têm levado em consideração e
revalorização da cultura negra nas últimas décadas e a possível perda de capital
simbólico implicada no reconhecimento de que a Regional teria adotado golpes
“alienígenas”. Buscando argumentos contra a acusação de branqueamento, têm
insistido sobre o também afro-brasileiro batuque (45) como fonte de inspiração
para os golpes novos introduzidos pelo mestre. Apontaram para o fato inconteste
de que o pai de Bimba era conhecido batuqueiro. Mais concretamente, diversos
ex-alunos seus têm indicado golpes específicos que seriam oriundos do batuque
(Almeida, 1991, p.32; 1994, p.48). Outros argumentam que Bimba não podia ter
conhecido todas estas lutas na década de vinte para inspirar-se nelas, ou que,
posteriormente, apenas passou a ensinar como se defender dos ataques destas
lutas, sem, contudo imitar-lhes os golpes, o que teria sido mal interpretado
(Almeida, 1994, p.48). (46) Contudo, a posição mais ereta da capoeirista ao
realizar os golpes da Regional, como o martelo, por exemplo, não deixam de
apresentar fortes analogias com golpes de lutas orientais, assim como as
projeções e os agarramentos. Mas até hoje falta uma análise mais aprofundada
desta questão, que se basearia numa análise pormenorizada das inovações
técnicas da Regional. Seja como for, não deixa de ser irônico que o chamado
“branqueamento” ou ocidentalização das técnicas corporais da Regional é, quando
muito, uma “orientalização” que escapa a classificações simplistas.
Quanto à influência da ideologia
do Estado Novo sobre o mestre Bimba, faltam fontes que comprovem a adesão do
mesmo a estes ideais. No entanto, podemos constatar, como o fez Vieira em
análise detalhada, a correspondência entre o ethos da capoeira Regional, com a
sua insistência sobre a eficiência, a hierarquia, a ordem e a disciplina, e os
princípios divulgados na mesma época pelo Estado autoritário, que tentava
justamente combater a ideologia da malandragem tão arraigada nas classes
populares urbanas, e da qual o ethos da “vadiação” baiana representa um caso
paradigmático. Existem, além disso, indícios claros que comprovam, ao nosso
ver, a influência direta de ideologias autoritárias. O melhor exemplo é a
saudação da capoeira Regional (o “Salve” de braço esticado, ainda hoje
utilizado em algumas academias do interior), de clara inspiração fascista. Vale
ressaltar, porém, que muitas inovações formais, dos uniformes aos regulamentos
da academia, passando pelos símbolos (escudo com a estrela de São Salomão) e
textos didáticos, foram elaboradas por alunos de Bimba, que tinham não somente
origens sociais diversas, mas também horizontes ideológicos diferentes. A
própria relação do mestre com o poder estabelecido tem sido apresentada de
maneira bastante diferente por seus alunos. As já referidas apresentações de
Bimba para o interventor Juracy Magalhães e o presidente Getúlio Vargas sempre
servem para sugerir a proximidade do mestre com o poder, assim como o fato de
ter ministrado aulas a oficiais no Forte do Barbalho e o seu envolvimento com
os militares, interessados nas suas técnicas de guerrilha. Se isto, por um
lado, está bem longe de comprovar a adesão unilateral de Bimba aos princípios
autoritários, por outro demonstra o seu anseio de difundir a capoeira fora do
seu meio de origem. Segundo alguns alunos, mais identificados com a esquerda,
como Muniz Sodré e Jair Moura, mestre Bimba teria sido simpatizante ou mesmo
militante do Partido Comunista Brasileiro (apud Capoeira, 1992, p. 77-79). Esta
informação, que provém apenas de depoimentos destes alunos e não é comprovada
por fontes escritas, foi categoricamente contestada por outros mestres e
alunos.
Estes pontos ilustram o quanto a
história da Regional se situa no centro de um debate fundamental sobre os
valores constitutivos da brasilidade e das formas contraditórias que a
modernidade assume no Brasil.
A capoeira moderna II: a reinvenção da Angola.
Se a capoeira Regional se
autodefine em grande parte como ruptura com a vadiação antiga, a capoeira
Angola insiste na continuidade com a mesma. A sua proposta explícita é
tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos”
ensinados pelos antigos mestres. No entanto, as transformações ocorridas na
sociedade brasileira mais ampla, assim como as mudanças introduzidas na própria
prática dos angoleiros a partir de 1941, não deixaram de resultar em mudanças
significativas que a diferenciam bastante da vadiação do início do século.
A emergência da capoeira Angola
moderna está estreitamente associada à figura do mestre Vicente Ferreira
Pastinha (1889 – 1981). Pastinha aprendeu capoeira ainda antes da virada do
século, segundo suas próprias palavras, com “um velho africano”. Ingressou para
a Marinha como aprendiz em 1902. Entre 1910 e 1922, muito antes de Bimba,
portanto, já ensinava capoeira para seus colegas aprendizes, e depois para
estudantes que viviam nas redondezas (Reis, 1993, p.94; Decânio, 1996, p.44).
Mas deixou de ensinar por muitos anos e só veio a assumir a direção de outra
academia em 1941. A esta altura, a capoeira Regional já se encontrava em pleno
desenvolvimento e o grande mérito de Pastinha foi ter percebido a necessidade
de inovação dentro da tradição para garantir que a modalidade de capoeira
ensinada por ele permanecesse uma alternativa viável à Regional. Se não fosse
por ele e alguns outros mestres tradicionalistas, como Valdemar do Pero Vaz e
Canjiquinha, é provável que não existisse a Angola de hoje.
Pastinha, então, introduziu
algumas mudanças. Passou a denominar sua luta de esporte, para distanciá-la na
marginalidade e legitimar o seu ensino. Adotou uniformes, fomentou um espírito
de grupo entre seus alunos e introduziu a graduação formal para mestre. À
semelhança de Bimba e seus alunos, passou a se apresentar com o seu grupo na
Bahia e no Brasil inteiro, nas décadas de 1940-60, garantindo assim à Angola um
mínimo de espaço público. Conseguiu também a ajuda de alguns intelectuais
influentes como Jorge Amado, que o ajudaram a receber um – sempre muito
limitado – apoio institucional.
Como a capoeira Regional
conseguiu muito maior projeção no período 1950 – 1970, a Angola teve que se
definir largamente em oposição a esta para justificar a sua existência. Assim,
investiu em todos os aspectos que estavam perdendo importância na Regional, ou
seja, a teatralidade, a espiritualidade, o ritual e a tradição. Acreditamos que
mesmo os movimentos foram estilizados numa determinada direção com o intuito de
se distanciar nitidamente do estilo Regional. Por exemplo, os golpes altos,
considerados parte da “descaracterização” da Regional, existiam também na
capoeira baiana antiga, conforme depoimento de mestre Canjiquinha (Moreira, 1989,
p.81). Esta estilização foi um processo gradual, continuado por seus alunos,
que, por sua vez, tornaram-se mestres. No entanto, mesmo entre os velhos
mestres podem-se registrar divergências importantes em relação à identidade da
capoeira Angola ou à maneira como deve-se preservá-la e impedir a sua
exploração comercial. Diferentemente de mestre Bimba, que explicitamente criou
um estilo novo, para o qual ele é a referência máxima, os mestres da capoeira
Angola se legitimam por seu conhecimento de uma tradição mais heterogênea.
Mesmo tendo sido a liderança mais importante dentro da capoeira Angola,
semelhante em muitos aspectos a Bimba na Regional, mestre Pastinha nunca chegou
à posição deste porque se definia como tradicionalista, e, portanto, não punha
em relevo as inovações que introduziu na capoeira Angola.
Apesar das divergências no
interior da própria Angola, o estilo foi ganhando espaço e consistência.
Contribuíram para isto uma nova geração de angoleiros, fortemente engajados no
resgate das antigas tradições e decididos a não se deixar explorar e morrer na
miséria como a geração anterior. Deu-se uma convergência com segmentos do
crescente Movimento Negro, interessado no resgate das tradições
afro-brasileiras. A prática de capoeira passou a ser considerada então um
veículo adequado para a conscientização étnica e social.
A partir da década de 1980, a
Angola conseguiu inverter aos poucos a situação desfavorável em que se
encontrava em relação à Regional. Para isto contribuíram mudanças de paradigmas
na sociedade brasileira, como a revalorização da herança africana, a própria
evolução da Regional para estilos cada vez mais violentos e o paciente trabalho
dos mestres angoleiros, difundindo seus ensinamentos em todo o país e, em
alguns casos, no exterior. A partir desta época se multiplicaram as “buscas das
raízes” por parte de praticantes da Regional desiludidos ou ávidos por novas
fontes de inspiração. O resgate da capoeira tradicional não ficou restrito à
capoeira Angola, mas passou a ser advogado também por seguidores de Bimba, que
aspiram retornar ao estilo Regional “puro” do mestre Bimba.
Nos últimos anos, no entanto, o
panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexo
que é impossível atualmente distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional. A
principal razão disso é que surgiram, principalmente no sudeste do país,
estilos que se pretendem intermediários, e que têm sido denominados de
“Contemporânea” ou mesmo “Angonal”. Seus defensores partem do princípio de que
“a capoeira é uma só” e que dividi-la em “estilos” é enfraquecê-la. Idéias
repartidas com veemência pelos “puristas”. Em meio à polêmica, tenta-se, assim,
difundir a alternativa de uma espécie de “terceira via” no universo da
capoeira. Propostas desta natureza têm sua devida aceitação, principalmente em
virtude do enorme contingente de capoeiristas, em escala nacional, que não se
enquadram por filiação a nenhuma das duas escolas. Esta convergência, prevista
por alguns estudiosos (Lewis, 1992, p.212) e almejada por grande número de
praticantes, certamente é uma das grandes tendências na capoeira atualmente. No
entanto, é questionável se “uma só capoeira” pode realmente satisfazer as
aspirações conflitantes dos diferentes estilos e grupos. O próprio crescimento
do número de praticantes, a multiplicação dos grupos e a competição no mercado
criam poderosas forças centrifugais. No sentido inverso, os grupos
“tradicionalistas” que defendem o resgate das tradições e criticam a crescente
confusão de valores decorrente da mistura de estilos e de influências
alienígenas tampouco conseguem controlar uma situação onde basta cruzar o
oceano para tornar-se mestre.
Referências
Vieira L. R e Assunção M. R Mitos,
controvérsias e fatos: Construindo a história da capoeira. 1998.
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