Aquecimento
Lúdico com brincadeira - Capitão do mato - O capitão do mato deveria pegar os escravos "colegas", que por sua vez quando encostados deveriam ficar imóveis "colados" e gingar três vezes com um colega para ser liberto "descolado".
Alongamento coletivo
Ginga seguida de uma benção, esquivada com uma cocorinha. Variações poderiam ser integradas como esquivas laterais.
O braço deve ser utilizado como proteção para proteger do golpe.
Armada
Aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé
no chão e com a outra perna livre, fazer um movimento de rotação,
varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral
externa do pé.
Negativa
É uma esquiva que o praticante faz descendo ao solo apoiado em uma
das pernas e com a outra esticada. As duas mãos vão ao chão,
sendo que, se estiverem do lado da perna esticada, sua característica
é quase que exclusivamente de defesa, porém se as mão
estiverem para o lado da perna dobrada, propicia ao executor a oportunidade
de aplicar uma rasteira logo em seguida. Em uma de suas variações,
quando as mãos estiverem viradas para o lado da perna dobrada, elas
poderão não ir ao solo, permanecendo à altura do rosto
e do tórax, em posição de defesa.
Aplicando conceitos de ataque e defesa. Enquanto um aluno faz ou o martelo ou a armado o outro esquiva com a cocorinha ou negativa, sempre variando. Conforme o grau de experiência da turma determina-se a distância que os alunos dever jogar, quando mais próximos maior deve ser a experiência para não ocorrerem acidentes, muito comuns em aulas de lutas na educação física da PUCPR.
Macaquinho
Consiste na aplicação de um salto para trás, cujo movimento
inicia-se com o agachamento, e a colocação da mão no
chão, para trás, e próxima ao corpo. Dá-se um
impulso no corpo para trás e executa-se um giro completo, terminando
o movimento com a perna oposta a da mão que tocou primeiro o chão.
A inicição ao macaquinho pode ser feito em etapas, como demonstrado nas fotos, facilitando a aprendizagem do aluno, o deixando mais seguro. Conforme a evolução do aluno se retira o aluno que é utilizado como base e posteriormente o segundo colega que auxilia na impulção das pernas.
Para não perder o costume, uma roda de capoeira ao final aplicando os conceitos aprendidos em aula.
Vídeo técnico que demonstra vários movimentos da capoeira.
Referências
Portal São Franscisco - Goplpes de caopeira
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/golpes-de-capoeira-2.php acesso
em 19 de abril de 2013.
É a partir do final da década de
1920 que Manuel dos Reis Machado (1900 – 1974), o mestre Bimba, desenvolve na
Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do seu nome, foi a primeira
modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Passamos
a resumir as modificações introduzidas por Bimba na capoeira então existente,
para podermos discutir os aspectos mais controversos em seguida.
Bimba partiu de uma crítica da
capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se
confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas
então no Brasil. (43) Conforme o depoimento de um aluno seu, Atenilo, chegou a
propor aos outros mestres inovações importantes para serem adaptadas em
conjunto, oferta que estes recusaram (Almeida, 1991, p.20). Decidiu então criar
um estilo novo, que passou a ensinar na sua academia, fundada em 1932. (44) Em
1937, a Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia
reconheceu oficialmente a sua academia, outorgando-lhe um certificado de
professor de Educação Física.
Bimba não somente transferiu a
prática da capoeira da rua para um recinto fechado, a academia, mas a
fragmentou em “exercícios fundamentais” a serem praticados diariamente,
“seqüências” e a roda propriamente dita. Em outros termos, como já foi
destacado por muitos autores, criou um método de ensino formal para uma prática
até então predominantemente informal. Uma das inovações mais controversas foi a
introdução de novos golpes, cujo número total aumentou consideravelmente, e de
uma série de movimentos (reunidos por mestre Bimba em uma seqüência denominada
“cintura desprezada”) que usavam o contato físico direto para treinar a
flexibilidade da coluna e a capacidade do capoeirista de cair em pé quando
projetado em um “balão”. A capoeira Regional definia-se, do ponto de vista
técnico, por ser uma luta praticada numa posição mais ereta do que a capoeira
baiana tradicional e de usar golpes mais altos e geralmente mais rápidos.
Bimba também introduziu uma
hierarquia até então inexistente na vadiação baiana, onde distinguiam-se
calouros, formados e formados especializados. Para enfatizar esta hierarquia,
criou um toque de berimbau, Iuna, onde somente alunos formados tinham o direito
de jogar. Os estudantes eram sujeitos a uma estrita disciplina, não deviam
fumar nem beber, e não deviam se envolver em rodas de rua. Esses preceitos
constavam de um mural afixado na academia de Bimba. Outra inovação fundamental
foi a mudança radical do meio social onde recrutava seus alunos. Passou,
durante certo período, a exigir-lhes carteira profissional, e conseguiu atrair
muitos alunos das classes médias. Entre 1939 – 42 chegou a ensinar capoeira no
quartel do Centro de Preparação de Oficinas de Reserva do Exército, no Forte do
Barbalho.Apesar de ter algum
reconhecimento oficial, não conseguiu prosperar economicamente e morreu, como
todos os outros velhos mestres, na pobreza. Foram seus inúmeros alunos que
levaram a capoeira Regional para as outras regiões do país.
O primeiro a propor uma
interpretação do surgimento da capoeira Regional, ultrapassando os meros
lamentos dos tradicionalistas sobre a “descaracterização” da “verdadeira”
capoeira, foi Júlio César Tavares (1984), na tese de mestrado em sociologia
intitulada “Dança da guerra: arquivo-arma”. Não há, no entanto, em sua análise,
uma percepção dicotômica – que veio a predominar posteriormente -, em que se
torna necessária a opção pela Angola ou pela Regional, mas a concepção de que a
Regional está integrada à construção de uma nova “retórica do corpo”. Mais
tarde, em analogia com o trabalho de Ortiz (1978) sobre a umbanda, Alejandro
Frigerio (1989) analisou as mudanças introduzidas pela Regional resultando na
esportização da arte, destacando a crescente burocratização, a incorporação de
elementos das artes marciais orientais, a cooptação ideológica e política pelo
“sistema” e as concepções evolucionistas subjacentes. Tem o cuidado, porém de
diferenciar as práticas de Bimba com o desenvolvimento ulterior da Regional
(1989, p.95) que para ele significa, tanto pelo conteúdo como pelo universo
social dos praticantes, um “embranquecimento” de uma arte negra. Sua análise,
porém peca pelo fato de ele adotar como verdadeiro o discurso dos angoleiros
sobre a capoeira, tanto Regional como Angola, sem dar conta da complexidade e
contradições internas dos dois.
Partindo de um enfoque weberiano,
Luiz Renato Vieira defendeu tese de mestrado em 1990, publicada em 1996, sobre
a Regional como um aspecto da modernização cultural no Brasil. Neste trabalho,
faz uma análise pormenorizada das inovações técnicas introduzidas por Bimba
(Vieira, 1996, p. 144-171) que relaciona com o ambiente político e cultural da
década de trinta. A recodificação dos rituais, símbolos e gestos operada por
Bimba corresponderia a um novo ethos subjacente, que se define, segundo Vieira,
pela oposição à malandragem. “A noção de eficiência, que permeia todas as instâncias
da Capoeira Regional, aparece como o principal princípio de classificação na
visão do mundo que envolve a capoeira criada por Mestre Bimba” (Vieira, 196,
p.162). Finalmente ressalta “a afinidade existente entre as proposições de
Mestre Bimba, enquanto líder, e os interesses dos grupos sociais dominantes no
contexto social em que se inseria” (Vieira, 1996, p.169).
Esta interpretação foi discutida
em dois trabalhos recentes. Antônio Liberac Pires (1996a, p. 38-40) critica,
sobretudo a falta de fontes para corroborar muitas afirmações feitas, e
questiona a validade da reconstrução da história a partir dos discursos da
tradição. Letícia Reis (1993, p. 83-84) pondera que interpretar a Regional
apenas como um projeto moderno e conformista “não dá conta da complexidade e da
dinâmica cultural do mundo da capoeira” e “não consegue explicitar a ambiguidade
da capoeira”. Ela mostra que a Regional “resiste quando se conforma”, guardando
“elementos que reafirmam a identidade étnica nas músicas, nos toques do berimbau
e nos próprios movimentos”.
Estas observações são procedentes
e vão nos ajudar a rediscutir alguns pontos controversos. Não questionam a tese
central que a compreende Regional como uma modernização da capoeira baseada no
modelo autoritário das décadas de 30 e 40, mas permitem relativizá-la. De fato,
Reis, em vez de opor a Regional à Angola em termos de modernização / tradição,
foi a primeira a analisar estas duas modalidades da capoeira como “duas opções
(negras) de esportização” e, portanto, de modernização. Concordamos com a sua análise
e adotamos uma linha parecida neste trabalho, insistindo na distinção entre a
capoeira baiana tradicional, a “vadiação”, e a Capoeira de Angola praticada
hoje.
Voltando ao mestre Bimba: é
significativo o quanto as afirmações feitas por seus alunos, seus biógrafos e
outros mestres diferem entre si quando tratam justamente dos aspectos que dizem
respeito à relação do mestre com a cultura negra e com o poder. Alguns dos
velhos mestres reconhecem que Bimba introduziu golpes de outras lutas (tanto
orientais como ocidentais), sem, no entanto condená-lo por isto. Já Édison
Carneiro (1977, p.14), na sua defesa da capoeira negra e “autêntica”, atribuiu
a esta suposta fusão, que qualificou como “mistura de capoeira com jiu-jitsu,
Box e catch”, um caráter negativo: “A capoeira popular, folclórica, legado de
Angola, pouco, quase nada tem a ver com escola de Bimba”. Na mesma tecla bateu
Jorge Amado, chamando a Regional por esta razão de “deturpação que não merecia
confiança (apud Rego, 269), Waldeloir Rego (1968, p.269, 285-87), apesar do seu
interesse primordial pela capoeira tradicional, fez uma avaliação muito mais
serena das inovações introduzidas por Bimba, ressaltando, além do carisma do
mestre, o ritual de formatura e a importância da cultura negra na mesma.
Os alunos de Bimba que se
tornaram mestres e escritores, como Acordeon (Almeida 1986, p.32), Jair Moura
(1991, p.21, 41) e Itapoan (Almeida 1994, p.48), têm levado em consideração e
revalorização da cultura negra nas últimas décadas e a possível perda de capital
simbólico implicada no reconhecimento de que a Regional teria adotado golpes
“alienígenas”. Buscando argumentos contra a acusação de branqueamento, têm
insistido sobre o também afro-brasileiro batuque (45) como fonte de inspiração
para os golpes novos introduzidos pelo mestre. Apontaram para o fato inconteste
de que o pai de Bimba era conhecido batuqueiro. Mais concretamente, diversos
ex-alunos seus têm indicado golpes específicos que seriam oriundos do batuque
(Almeida, 1991, p.32; 1994, p.48). Outros argumentam que Bimba não podia ter
conhecido todas estas lutas na década de vinte para inspirar-se nelas, ou que,
posteriormente, apenas passou a ensinar como se defender dos ataques destas
lutas, sem, contudo imitar-lhes os golpes, o que teria sido mal interpretado
(Almeida, 1994, p.48). (46) Contudo, a posição mais ereta da capoeirista ao
realizar os golpes da Regional, como o martelo, por exemplo, não deixam de
apresentar fortes analogias com golpes de lutas orientais, assim como as
projeções e os agarramentos. Mas até hoje falta uma análise mais aprofundada
desta questão, que se basearia numa análise pormenorizada das inovações
técnicas da Regional. Seja como for, não deixa de ser irônico que o chamado
“branqueamento” ou ocidentalização das técnicas corporais da Regional é, quando
muito, uma “orientalização” que escapa a classificações simplistas.
Quanto à influência da ideologia
do Estado Novo sobre o mestre Bimba, faltam fontes que comprovem a adesão do
mesmo a estes ideais. No entanto, podemos constatar, como o fez Vieira em
análise detalhada, a correspondência entre o ethos da capoeira Regional, com a
sua insistência sobre a eficiência, a hierarquia, a ordem e a disciplina, e os
princípios divulgados na mesma época pelo Estado autoritário, que tentava
justamente combater a ideologia da malandragem tão arraigada nas classes
populares urbanas, e da qual o ethos da “vadiação” baiana representa um caso
paradigmático. Existem, além disso, indícios claros que comprovam, ao nosso
ver, a influência direta de ideologias autoritárias. O melhor exemplo é a
saudação da capoeira Regional (o “Salve” de braço esticado, ainda hoje
utilizado em algumas academias do interior), de clara inspiração fascista. Vale
ressaltar, porém, que muitas inovações formais, dos uniformes aos regulamentos
da academia, passando pelos símbolos (escudo com a estrela de São Salomão) e
textos didáticos, foram elaboradas por alunos de Bimba, que tinham não somente
origens sociais diversas, mas também horizontes ideológicos diferentes. A
própria relação do mestre com o poder estabelecido tem sido apresentada de
maneira bastante diferente por seus alunos. As já referidas apresentações de
Bimba para o interventor Juracy Magalhães e o presidente Getúlio Vargas sempre
servem para sugerir a proximidade do mestre com o poder, assim como o fato de
ter ministrado aulas a oficiais no Forte do Barbalho e o seu envolvimento com
os militares, interessados nas suas técnicas de guerrilha. Se isto, por um
lado, está bem longe de comprovar a adesão unilateral de Bimba aos princípios
autoritários, por outro demonstra o seu anseio de difundir a capoeira fora do
seu meio de origem. Segundo alguns alunos, mais identificados com a esquerda,
como Muniz Sodré e Jair Moura, mestre Bimba teria sido simpatizante ou mesmo
militante do Partido Comunista Brasileiro (apud Capoeira, 1992, p. 77-79). Esta
informação, que provém apenas de depoimentos destes alunos e não é comprovada
por fontes escritas, foi categoricamente contestada por outros mestres e
alunos.
Estes pontos ilustram o quanto a
história da Regional se situa no centro de um debate fundamental sobre os
valores constitutivos da brasilidade e das formas contraditórias que a
modernidade assume no Brasil.
A capoeira moderna II: a reinvenção da Angola.
Se a capoeira Regional se
autodefine em grande parte como ruptura com a vadiação antiga, a capoeira
Angola insiste na continuidade com a mesma. A sua proposta explícita é
tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos”
ensinados pelos antigos mestres. No entanto, as transformações ocorridas na
sociedade brasileira mais ampla, assim como as mudanças introduzidas na própria
prática dos angoleiros a partir de 1941, não deixaram de resultar em mudanças
significativas que a diferenciam bastante da vadiação do início do século.
A emergência da capoeira Angola
moderna está estreitamente associada à figura do mestre Vicente Ferreira
Pastinha (1889 – 1981). Pastinha aprendeu capoeira ainda antes da virada do
século, segundo suas próprias palavras, com “um velho africano”. Ingressou para
a Marinha como aprendiz em 1902. Entre 1910 e 1922, muito antes de Bimba,
portanto, já ensinava capoeira para seus colegas aprendizes, e depois para
estudantes que viviam nas redondezas (Reis, 1993, p.94; Decânio, 1996, p.44).
Mas deixou de ensinar por muitos anos e só veio a assumir a direção de outra
academia em 1941. A esta altura, a capoeira Regional já se encontrava em pleno
desenvolvimento e o grande mérito de Pastinha foi ter percebido a necessidade
de inovação dentro da tradição para garantir que a modalidade de capoeira
ensinada por ele permanecesse uma alternativa viável à Regional. Se não fosse
por ele e alguns outros mestres tradicionalistas, como Valdemar do Pero Vaz e
Canjiquinha, é provável que não existisse a Angola de hoje.
Pastinha, então, introduziu
algumas mudanças. Passou a denominar sua luta de esporte, para distanciá-la na
marginalidade e legitimar o seu ensino. Adotou uniformes, fomentou um espírito
de grupo entre seus alunos e introduziu a graduação formal para mestre. À
semelhança de Bimba e seus alunos, passou a se apresentar com o seu grupo na
Bahia e no Brasil inteiro, nas décadas de 1940-60, garantindo assim à Angola um
mínimo de espaço público. Conseguiu também a ajuda de alguns intelectuais
influentes como Jorge Amado, que o ajudaram a receber um – sempre muito
limitado – apoio institucional.
Como a capoeira Regional
conseguiu muito maior projeção no período 1950 – 1970, a Angola teve que se
definir largamente em oposição a esta para justificar a sua existência. Assim,
investiu em todos os aspectos que estavam perdendo importância na Regional, ou
seja, a teatralidade, a espiritualidade, o ritual e a tradição. Acreditamos que
mesmo os movimentos foram estilizados numa determinada direção com o intuito de
se distanciar nitidamente do estilo Regional. Por exemplo, os golpes altos,
considerados parte da “descaracterização” da Regional, existiam também na
capoeira baiana antiga, conforme depoimento de mestre Canjiquinha (Moreira, 1989,
p.81). Esta estilização foi um processo gradual, continuado por seus alunos,
que, por sua vez, tornaram-se mestres. No entanto, mesmo entre os velhos
mestres podem-se registrar divergências importantes em relação à identidade da
capoeira Angola ou à maneira como deve-se preservá-la e impedir a sua
exploração comercial. Diferentemente de mestre Bimba, que explicitamente criou
um estilo novo, para o qual ele é a referência máxima, os mestres da capoeira
Angola se legitimam por seu conhecimento de uma tradição mais heterogênea.
Mesmo tendo sido a liderança mais importante dentro da capoeira Angola,
semelhante em muitos aspectos a Bimba na Regional, mestre Pastinha nunca chegou
à posição deste porque se definia como tradicionalista, e, portanto, não punha
em relevo as inovações que introduziu na capoeira Angola.
Apesar das divergências no
interior da própria Angola, o estilo foi ganhando espaço e consistência.
Contribuíram para isto uma nova geração de angoleiros, fortemente engajados no
resgate das antigas tradições e decididos a não se deixar explorar e morrer na
miséria como a geração anterior. Deu-se uma convergência com segmentos do
crescente Movimento Negro, interessado no resgate das tradições
afro-brasileiras. A prática de capoeira passou a ser considerada então um
veículo adequado para a conscientização étnica e social.
A partir da década de 1980, a
Angola conseguiu inverter aos poucos a situação desfavorável em que se
encontrava em relação à Regional. Para isto contribuíram mudanças de paradigmas
na sociedade brasileira, como a revalorização da herança africana, a própria
evolução da Regional para estilos cada vez mais violentos e o paciente trabalho
dos mestres angoleiros, difundindo seus ensinamentos em todo o país e, em
alguns casos, no exterior. A partir desta época se multiplicaram as “buscas das
raízes” por parte de praticantes da Regional desiludidos ou ávidos por novas
fontes de inspiração. O resgate da capoeira tradicional não ficou restrito à
capoeira Angola, mas passou a ser advogado também por seguidores de Bimba, que
aspiram retornar ao estilo Regional “puro” do mestre Bimba.
Nos últimos anos, no entanto, o
panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexo
que é impossível atualmente distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional. A
principal razão disso é que surgiram, principalmente no sudeste do país,
estilos que se pretendem intermediários, e que têm sido denominados de
“Contemporânea” ou mesmo “Angonal”. Seus defensores partem do princípio de que
“a capoeira é uma só” e que dividi-la em “estilos” é enfraquecê-la. Idéias
repartidas com veemência pelos “puristas”. Em meio à polêmica, tenta-se, assim,
difundir a alternativa de uma espécie de “terceira via” no universo da
capoeira. Propostas desta natureza têm sua devida aceitação, principalmente em
virtude do enorme contingente de capoeiristas, em escala nacional, que não se
enquadram por filiação a nenhuma das duas escolas. Esta convergência, prevista
por alguns estudiosos (Lewis, 1992, p.212) e almejada por grande número de
praticantes, certamente é uma das grandes tendências na capoeira atualmente. No
entanto, é questionável se “uma só capoeira” pode realmente satisfazer as
aspirações conflitantes dos diferentes estilos e grupos. O próprio crescimento
do número de praticantes, a multiplicação dos grupos e a competição no mercado
criam poderosas forças centrifugais. No sentido inverso, os grupos
“tradicionalistas” que defendem o resgate das tradições e criticam a crescente
confusão de valores decorrente da mistura de estilos e de influências
alienígenas tampouco conseguem controlar uma situação onde basta cruzar o
oceano para tornar-se mestre.
Referências
Vieira L. R e Assunção M. R Mitos,
controvérsias e fatos: Construindo a história da capoeira. 1998.
Recebemos a visita de um mestre de capoeira, que nos falou bastante, com muito bom humor sobre como é a capoeira, seus benefícios, técnicas, história, evolução, problemas entre outra coisas. Além de nos dar uma aula breve de iniciação a capoeira.
A aula iniciou com um breve aquecimento e alongamento. Depois se trabalhou alguns exercícios basicos de capoeira que já haviamos aprendido anteriormente como: a ginga e a cocorinha. Depois partiu-se para roda de capoeira.
A capoeira tem como base a ginga que é utilizado como movimentação, os fundamentos e golpes da capoeira ainda podem ser divididos em movimentação, ataque, floreio e defesa. Iniciação a ginga
É a troca constante de base. É uma característica da
capoeira que consiste na movimentação constante de braços
e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vem, avanços
e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para
desferir seus golpes.
Inicia-se desenhando um triangulo no chão, o triangulo é o desenho que baseará a movimentação da ginga para o iniciante na capoeira.
Depois acompanha-se o aluno tentando sincronizar a movimentação de ginga, segurando na mão do aluno e o acompanhando.
Cocorinha
É uma esquiva na qual o praticante se abaixa de frente para o adversário,
com os braços protegendo o rosto, não sendo admitido que nenhuma
das mãos vá ao chão. O apoio do corpo deverá ser
apenas sobre os dois pés, podendo estar estes sobre as pontas ou não.
Os alunos divididos,dois a dois, são encorajados a realizar a cocorinha para se esquivar do chute circular "martelo"(Estando-se em base, a perna de trás sobe lateralmente e flexionada,
distendendo-se para tocar o adversário).
Aú
É um movimento característico de capoeira no qual o praticante
leva as duas mão ao solo subindo imediatamente as duas pernas, geralmente
esticadas e caindo geralmente de pé. É sempre feito para um
dos lados, sendo que possui diversas variações, pois uma das
pernas ou mesmo as duas poderão, também passar encolhidas para
maior defesa do corpo. A perna que dá o impulso é a perna para
o lado que se vai aplicar o aú. A perna que primeiro atinge o chão
é justamente a outra, que ao fim do golpe se dobra um pouco para melhor
atingir o chão. Também pode ser um golpe ofensivo.
Inicia-se ao aú ou "estrelinha" temporiazando o movimento em 4 tempos, pode se utilizar a palvara cho-co-la-te para figurar e coordenar a execusão o movimento.
Roda de capoeira, ritmo e música.
Numa roda de capoeira as palmas e o ritmo são fundamentais. Para se ensinar o ritmo das palmas na roda de capoeira se utiliza uma técnica semalhante a do aú, só que agora em três tempos, pode-se utilizar a frase "café-com-pão" como alternativa.
Referências
Portal São Franscisco - Goplpes de caopeira http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/golpes-de-capoeira-2.php acesso em 19 de abril de 2013.
A capoeira, na sua mais completa
definição e formação, nasceu no Brasil. Com início da colonização, os
portugueses viram no trabalho escravo um instrumento para o desenvolvimento
desejado. Tentaram, no começo, escravizar e explorar o trabalho dos indígenas
que aqui já viviam, mas as características físicas e culturais, somadas à
resistência ao trabalho cativo por parte dos índios, os levam à morte rápida no
cativeiro. A saída encontrada pelos colonizadores foi a escravidão negra, o
tráfico de homens negros, trazidos do continente africano para o início de
grande saga que marcou a sociedade brasileira: o período das torturas, da lei
da chibata e da morte como reguladora das relações de trabalho. Um povo passou
a viver na escravidão.
Assim, já no início do século
XVI, milhares de africanos foram desembarcados em terras brasileiras. Com eles,
a história do país ganhou alterações. Inicialmente foram mão-de-obra nos
canaviais e depois na mineração e em outras atividades produtivas. Foram
trazidos contra sua vontade, mas, naturalmente, trouxeram sua cultura, sua
vivência e, com ela, a semente da liberdade que nunca morreu, mesmo na terra
marcada pelos horrores da escravidão.
É claro que essa cultura não
estava nas escolas, nos livros nem nos museus. Mas era guardada no corpo, na
mente, na vivência histórica do povo e transmitida há séculos através das
gerações. Manifestava-se por intermédio da música, da dança, da comida, da
filosofia e da religião. Basta recorrer à história do Brasil e encontraremos, a
partir do século XVI, a cultura negra presente com o seu vasto conjunto de
expressões.
A origem do termo, que a maioria
dos etnólogos acredita que seja originário do tupiguarani, “caa” significa mato
e “puera” que foi mato. Diziam que quando o negro fugia ele ia para o mato,
para a “capoeira”. Estima-se que a capoeira surgiu por volta de 1600, mas não
se sabe ao certo se foi nas senzalas ou nos quilombos.
Nas senzalas, era praticada nos
momentos de folga e para os senhores não desconfiarem de que aquilo era um
combate, aliaram aos golpes, a ginga e a música.
Nas fugas para o quilombo, a
capoeira foi muito útil para os escravos nas lutas contra os capitães-do-mato e
capatazes. Os negros ficavam escondidos na mata, e quando os capitães chegavam,
esperavam a hora certa para atacá-los. Nas batalhas para a destruição dos
quilombos a capoeira também foi de grande valia para os negros.
A Resistência
Nenhum povo vive eternamente sob
o jogo da escravidão sem se revoltar. Com o negro no Brasil não foi diferente.
Suas primeiras reações contra o cativeiro foram as fugas e as revoltas
individuais e desorganizadas. Com o tempo, sentiu a necessidade de organizar
sua resistência contra o opressor e passou a planejar as fugas e a pensar as
formas de luta que travaria para se libertar. Também entendeu que precisava de refúgios
seguros, longe ds fazendas, da polícia e capangas do branco escravocrata.
O Corpo Como Arma
Para realizar as fugas, o negro
entendeu que precisava lutar. Não tinha acesso a armas nem a qualquer outro
recurso de guerra. Tinha apenas seu corpo e a vontade férrea de se ver em
liberdade. Havia trazido da África lembrança de jogos e "dança das
zebras", disputa festiva pelo amor de uma mulher. O próprio trabalho
pesado dotava-lhe de força os músculos. Era preciso juntar e canalizar essa
agilidade e força para a luta. A observação do comportamento de alguns animais
brasileiros, particularmente o lagarto, a cobra e a onça, que atacam e
defendem-se com destreza, ajudou na formação de um conjunto de movimentos que
reuniu, então, a agilidade, a técnica e a força.
O Nome
Tornou-se necessário praticar,
treinar e organizar os movimentos conhecidos em forma de luta. Para isso era
necessário afastar-se das vistas dos feitores e guardas das fazendas, engenhos
e minas. Mais uma vez o negro encontrou na natureza esse apoio. Entrava nos
matos próximos às senzalas para se esconder e se preparar para a luta. Escolhia
o mato com poucas árvores e de ramagem baixa. Essa vegetação leva o nome indígena
de "capoeira". Esse termo passou a designar também a forma de lutar e
de adestrar o corpo utilizada pelo negro para enfrentar seus opressores: a
Capoeira.
Arte - Dança - Música -
Instrumento ...Louvo aqui meu berimbau mestre eterno de todo capoeira na
senzala
ele avisava da chegada do feitor
Berimbau avisou ê ô a chegada do feitor...
Mas, nem sempre era possível
afastar-se para o mato para o ensaio da luta. Como o negro nunca deixou de
praticar sua cultura, era comum, durante o período da escravidão, que se
juntassem grupos de homens e mulheres para a cantoria, para a dança e mesmo
para o culto aos orixás que também são saudados com ritmos e cantos. Como a Capoeira
nasceu conjugado movimentos de danças, os encontros festivos ou místicos
passaram também a ser mais uma oportunidade para a sua prática, já que esses
encontros, principalmente os festivos, não eram reprimidos pelos donos de
escravos. Assim a Capoeira ganhou o acompanhamento de cantos e ritmos que
acabaram incorporados eram os disponíveis e já conhecidos pelo negro com
destaque para o berimbau, o atabaque e o agogô. Mas foi o berimbau que ficou
como uma espécie de símbolo da Capoeira já que o atabaque e o agogô integram a
mitologia africana chegando mesmo, no caso do atabaque, a ser reverenciado como
uma divindade. Desta forma, o berimbau, considerado o mestre dos mestres na
Capoeira, ganhou importância nas lutas pelas suas possibilidades rítmicas e sonoras.
Ganhou a função de comandar o jogo da capoeira com seus diferentes toques.
Então, ao som dos instrumentos, palmas e cantorias, o negro recriava o seu
universo cultural, cultivava o seu misticismo, alegrava-se ou lamentava-se e
ainda se preparava para a luta.
Os feitores e capatazes passavam
ao lado da festança e acreditam ser apenas um encontro para a "dança de
Angola", que recebia esse nome em função da nação africana que mais cedeu
negros para o tráfico de escravos. Afastando-se os feitores, intensificava-se o
treinamento e o negro aparelhava-se cada vez mais para lutar. Mesmo que um
feitor parasse e ficasse admirando a dança, dificilmente compreenderia que
aqueles movimentos, executados com leveza dos felinos e com a plástica de um
bailarino, pudesse trazer, no seu conjunto, poderosos golpes desequilibrantes,
traumatizantes e rápidos como o bote da temível cascavel.
As Fugas e os Quilombos
Mas a escravidão continuava, o
sangue do negro molhava as terras do Brasil ao mesmo tempo que sua
força-de-trabalho movia a economia da então colônia portuguesa. Mas o negro não
aceitava a condição de escravo nem os métodos desumanos da escravidão. Lutava,
fugia, procurava ganhar forças junto a outros setores da comunidade,
sensibilizava os chamados abolicionistas.
Em suas fugas utilizava-se da
Capoeira para o enfrentamento com os seus opositores. Embrenhava-se no mato,
procurava um lugar onde a água fosse boa e a terra generosa e que fosse de
difícil acesso aos chamados "capitães-do-mato", homens encarregados de
recapturar os negros fugitivos. Essas localidades, que agregavam geralmente um
significativo número de homens e mulheres negros, ficaram conhecidos como
"quilombos" e seus moradores como "quilombolas".
O mais famoso e importante
quilombo da história brasileira foi o quilombo de Palmares, que surgiu no
início do século XVII onde hoje se situa o atual Estado de Alagoas.
Esse quilombo ganhou importância
pela sua organização interna, sua capacidade de resistência na guerra contra os
escravocratas e pela eficiência de seus integrantes na produção de alimentos,
roupas e posteriormente armas. Palmares resistiu a quase um século as agressões
dos brancos.
Todo quilombo possuía um líder, o
Ganga Zumba que, por sua vez obedecia a um líder maior, com influencias em
vários outros quilombos, chamado Zumbi, um misto de homem-guerreiro e de deus
da guerra. O mais famoso foi justamente o lendário Zumbi dos Palmares, hoje
símbolo da toda luta e resistência contra todas as formas de injustiça e de
opressão. Zumbi dos Palmares comandou os guerreiros de Palmares nos últimos
anos de existência daquele quilombo.
Estrategista habilidoso,
guerreiro imbatível, instituiu a Capoeira no adestramento de seus homens.
Palmares foi destruído em 1694 pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho.
Zumbi conseguiu escapar vivo, mas tempos depois foi traído. Preso, foi
decapitado e sua cabeça viajou quilômetros para assustar, intimidar os negros.
Não adiantou. Os negros julgavam Zumbi imortal e a luta continuou...
A Abolição e as Dificuldades
Em 1888 ocorreu "Abolição da
Escravatura". O mínino que se pode dizer é que a capoeira desempenhou
importante papel para apressar o fim da escravidão instituída. Foi luta, foi resistência,
foi instrumento que apavora os opressores. Reunidos em grupos, os negros
formavam as famosas "maltas", conjunto de capoeiristas temíveis que
investiam contra fazendas e engenhos para libertar outros negros. A capoeira
convenceu, pelo medo, aqueles que insistiam em ver na escravidão vantagens
econômicas, que o melhor seria a abolição.
Mas os problemas dos negros não
terminam com a assinatura da Lei Áurea. A falta de trabalho, o difícil acesso à
educação e mesmo a exploração dos que conseguiam alguma forma de emprego
continuam existindo e marcam nossa história até os dias de hoje.
Os capoeiristas, após a abolição,
encontraram mais uma vez na capoeira meio de sustento e instrumento de educação
de seus filhos e apadrinhados. Faziam exibições públicas, participavam de
apostas e desafios nos quais sempre se podia ganhar algum dinheiro. Continuou
também como uma arma de defesa de uma camada social explorada e discriminada.
Por outro lado, foi impossível
barrar o surgimento de grupos que colocavam a capoeira a serviço de grã-finos e
de políticos inescrupulosos que sabiam muito bem usar o povo contra o próprio
povo. As Maltas menos esclarecidas eram utilizadas para desmanchar comícios,
perseguir adversários políticos e desmanchar reuniões públicas. Consta até
mesmo que, aproveitando-se da ilusão de que a princesa Isabel era protetora dos
negros, os monarquistas criaram grupos de capoeiristas que atacavam os
republicanos.
A Proibição
Perseguida a ferro e fogo durante
a escravidão, a capoeira continuou sendo alvo dos poderosos mesmo após a
abolição. Agora era com leis que tentavam dar-lhe um fim. O código penal de
1890, criado e imposto durante o governo de Deodoro da Fonseca, proibiu a
prática da capoeira em todo o território nacional. O código foi reforçado com
decretos que especificavam penas pesadas contra capoeiristas. A perseguição
oficial somava-se o ódio de alguns chefes, chefetes e vassalos da polícia que
tentaram, então, exterminar por completo a capoeira. O motivo só pode ser
aquilo que ela traz na sua essência: A Liberdade.
E foi em nome da liberdade, agora
não somente para o negro mas para a capoeira como um todo, que a luta
continuou. E mesmo sob o ferro da repressão, grandes nomes de capoeiristas
célebres passaram para a história como Nascimento Grande, Manduca da Praia,
Natividade, Pedro Cobra e Besouro Magangá, entre outros. Mas é o nome desse
último, Besouro nasceu na Bahia e ganhou esse nome devido à lenda que o cerca,
atribuindo-lhe a capacidade de se transformar em inseto e fugir voando quando
cercado por muitos homens armados. Sem usar armas, o famoso capoeira, bateu-se
a vida toda contra a injustiça. Defendeu trabalhadores contra patrões
desonestos, investiu inúmeras vezes contra a polícia para defender inocentes.
Perseguido, nunca deixou-se prender. Nem as balas conseguiram acabar com ele.
Foi vítima de uma arma mais poderosa: A Traição. Seu nome é glória na capoeira
e símbolo de todo aquele que combate a injustiça e a desigualdade.
Mesmo com toda perseguição, a
Capoeira não foi extinta. Nos terreiros, nos quintais, no mato, ela continuou
sendo transmitida de pai para filho, de amigo para amigo, de camarada a
camarada. Continuou inclusive seu aperfeiçoamento, sua capacidade de dotar o
corpo de condições perfeitas para todo o tipo de enfrentamentos. Sobreviveu aos
diversos períodos ditatoriais pelos quais passou a República no Brasil.
Em 1932, no Governode Getúlio
Vargas, o país enfrenta mais uma de suas inúmeras crises. Getúlio Vargas,
político esperto, trata de agradar o povo com medo de sua possível revolta
organizada. Sabia que a Capoeira estava latente no seio do povo e mandou que a
liberassem. Impôs, porém, a condição de que ela fosse praticada apenas como
folquedo, como "folclore", e que perdesse, assim, sua condição de
cultura popular, de elemento utilizado pelo povo.
Da Angola Surge a Regional
Foi após a liberação que a
história de Capoeira sofre uma profunda divisão. Continuou sendo praticada nas
suas oringens, ainda com o nome de Capoeira de Angola mas perdia terrenos para
outras formas e costumes que visavam atender a interesses econômicos, como o
turismo, e interresses políticos para agradar autoridade plantão. Um nome que
lutou a vida toda para preservação da Capoeira, como cultura popular, como
herança histórica foi Mestre Pastinha - Vicente Ferreira Pastinha, chamado
Mestre dos Mestres na Capoeira. Para Pastinha, a Capoeira era muito mais que
luta, que esporte, era filosifia de vida.
Mestre Pastinha
A grande marca da Capoeira de
Angola é o seu apego à intuição, à capacidade do corpo de responder as
necessidades, cultiva mais que a força, o reflexo e a malícia. Caracteriza-se
muito mais pela defesa do que pelo ataque e perspicácia em perceber o melhor
momento para os golpes fatais. Essas características dotam-lhe de grande beleza
plástica e nas rodas, os movimentos parecem ocorrer em câmera lenta. Isso deu
ao Mestre Pastinha a condição de ser chamado de "O Poeta da Capoeira".
Outro nome a respeito e
importância dentro da Capoeira foi o Mestre Bimba - Manoel dos Reis Machado,
baiano, criador da Capoeira Regional. Bimba aprendeu capoeira com um negro
africano. Seu primeiro contato foi com a Capoeira de Angola. Tendo sido um excelente
aluno, tornou-se rapidamente um exímio capoeirista. Preocupou-se com o
aperfeiçoamento técnico da capoeira e foi o primeiro a tentar sistematizar uma
linha para o aprendizado da luta. Passou a estudar os movimentos do corpo na
capoeira, seu equilíbrio e a velocidade que precisavam atingir. Tomou contato
com outras lutas, observou novamente as danças brasileiras. Juntou tudo isso e
formou um mátodo de ensino no qual, antes de conhecer a capoeira propriamente,
o aluno passa por uma série de exercícios físicos que lhe darão condições de
jogo, e luta. Bimba foi absorvido, em grande parte, pelas idéias de transformar
a capoeira em puro Esporte Nacional, sem associá-la a sua Essência História
mas, nem por isso, deixou de prestar um grande serviço à Capoeira. Sua
preocupação maior foi a de permitir que qualquer um, branco, negro, forte ou
fraco, tivesse acesso ao aprendizado da Capoeira.
Mestre Bimba
Pensando assim, em 1937 Bimba
fundou sua famosa academia agora com todo um método de ensino. Não havia mais o
improviso, nem o peso da intuição e da malícia. Com Bimba a Capoeira precisava
ser treinada exaustivamente e o condicionamento físico passou a ser mais
importante que a malícia e o reflexo. Com a incorporação de elementos de outras
lutas, os golpes de ataque passaram a ter mais presença e importância do que os
de defesa, a força ganhou mais destaque que a manha e a astúcia. Muitos dizem
que a Capoeira Regional empobreceu a Capoeira, mas talvez esta não tivesse
sobrevivido às perseguições se não fossem as inovações concluídas por Mestre
Bimba. E nunca poderá ser negado que a Regional é uma evolução da Capoeira de
Angola. E a Capoeira está viva.
Nos dias de hoje
Hoje, não sem luta nem sem
esforços, a capoeira ganhou mais espaço e respeito. Sua força e importância são
de tamanha grandeza que, mesmo diante de tantas perseguições, continua
existindo e se multiplicando. São inúmeras as academias existentes no país e,
em muitas, a preocupação com a preservação de sua integridade histórica é
constante. Algumas, ao lado da regional, ensina-se também a capoeira de angola.
Em toda academia que merece ser chamada de academia de capoeira são ensinados
os cânticos, as músicas e letras e o domínio de, pelo menos, um dos
instrumentos da capoeira.
Um forte movimento social,
juntamante com pedagogos, psicólogos e professores, vem desenvolvendo um
trabalho sério no sentido de provar às autoridades que o ensino da capoeira é
uma prática das mais adequadas para os estudantes brasileiros. O movimento visa
à adoção da capoeira nas salas de aulas de educação física, nas escolas
brasileiras.
Muitas escolas já adotaram no Rio
de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. O argumento incontestável para essa adoção
é o que a capoeira proporciona em termos de equilíbrio, concentração, aumento
dos reflexos e de toda a coordenação motora. Além disso, o contato com a
capoeira é um mergulho na história do país. Um incentivo para uma visão de
mundo mais solidário e mais humana, no conturbado contexto de nossa sociedade
atual.