sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fundamentos da Capoeira - Aula prática III

Aquecimento
Lúdico com brincadeira - Capitão do mato - O capitão do mato deveria pegar os escravos "colegas", que por sua vez quando encostados deveriam ficar imóveis "colados"  e gingar três vezes com um colega para ser liberto "descolado".


Alongamento coletivo


Ginga seguida de uma benção, esquivada com uma cocorinha. Variações poderiam ser integradas como esquivas laterais.

  O braço deve ser utilizado como proteção para proteger do golpe.



Armada
Aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazer um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé.


Negativa
É uma esquiva que o praticante faz descendo ao solo apoiado em uma das pernas e com a outra esticada. As duas mãos vão ao chão, sendo que, se estiverem do lado da perna esticada, sua característica é quase que exclusivamente de defesa, porém se as mão estiverem para o lado da perna dobrada, propicia ao executor a oportunidade de aplicar uma rasteira logo em seguida. Em uma de suas variações, quando as mãos estiverem viradas para o lado da perna dobrada, elas poderão não ir ao solo, permanecendo à altura do rosto e do tórax, em posição de defesa.


Aplicando conceitos de ataque e defesa. Enquanto um aluno faz ou o martelo ou a armado o outro esquiva com a cocorinha ou negativa, sempre variando. Conforme o grau de experiência da turma determina-se a distância que os alunos dever jogar, quando mais próximos maior deve ser a experiência para não ocorrerem acidentes, muito comuns em aulas de lutas na educação física da PUCPR.


Macaquinho
Consiste na aplicação de um salto para trás, cujo movimento inicia-se com o agachamento, e a colocação da mão no chão, para trás, e próxima ao corpo. Dá-se um impulso no corpo para trás e executa-se um giro completo, terminando o movimento com a perna oposta a da mão que tocou primeiro o chão.

A inicição ao macaquinho pode ser feito em etapas, como demonstrado nas fotos, facilitando a aprendizagem do aluno, o deixando mais seguro. Conforme a evolução do aluno se retira o aluno que é utilizado como base e posteriormente o segundo colega que auxilia na impulção das pernas.



Para não perder o costume, uma roda de capoeira ao final aplicando os conceitos aprendidos em aula.




 Vídeo técnico que demonstra vários movimentos da capoeira.



Referências

Portal São Franscisco - Goplpes de caopeira http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/golpes-de-capoeira-2.php acesso em 19 de abril de 2013.

Capoeira iluminada – história de mestre Bimba e da capoeira

 

A capoeira moderna I: Regional

É a partir do final da década de 1920 que Manuel dos Reis Machado (1900 – 1974), o mestre Bimba, desenvolve na Bahia a sua famosa capoeira Regional, que, apesar do seu nome, foi a primeira modalidade de capoeira a ser praticada em todo o Brasil e no exterior. Passamos a resumir as modificações introduzidas por Bimba na capoeira então existente, para podermos discutir os aspectos mais controversos em seguida.

Bimba partiu de uma crítica da capoeira baiana, cujo nível técnico considerava insuficiente, sobretudo se confrontado com outras lutas e artes marciais, que começavam a ser difundidas então no Brasil. (43) Conforme o depoimento de um aluno seu, Atenilo, chegou a propor aos outros mestres inovações importantes para serem adaptadas em conjunto, oferta que estes recusaram (Almeida, 1991, p.20). Decidiu então criar um estilo novo, que passou a ensinar na sua academia, fundada em 1932. (44) Em 1937, a Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia reconheceu oficialmente a sua academia, outorgando-lhe um certificado de professor de Educação Física.

Bimba não somente transferiu a prática da capoeira da rua para um recinto fechado, a academia, mas a fragmentou em “exercícios fundamentais” a serem praticados diariamente, “seqüências” e a roda propriamente dita. Em outros termos, como já foi destacado por muitos autores, criou um método de ensino formal para uma prática até então predominantemente informal. Uma das inovações mais controversas foi a introdução de novos golpes, cujo número total aumentou consideravelmente, e de uma série de movimentos (reunidos por mestre Bimba em uma seqüência denominada “cintura desprezada”) que usavam o contato físico direto para treinar a flexibilidade da coluna e a capacidade do capoeirista de cair em pé quando projetado em um “balão”. A capoeira Regional definia-se, do ponto de vista técnico, por ser uma luta praticada numa posição mais ereta do que a capoeira baiana tradicional e de usar golpes mais altos e geralmente mais rápidos.

Bimba também introduziu uma hierarquia até então inexistente na vadiação baiana, onde distinguiam-se calouros, formados e formados especializados. Para enfatizar esta hierarquia, criou um toque de berimbau, Iuna, onde somente alunos formados tinham o direito de jogar. Os estudantes eram sujeitos a uma estrita disciplina, não deviam fumar nem beber, e não deviam se envolver em rodas de rua. Esses preceitos constavam de um mural afixado na academia de Bimba. Outra inovação fundamental foi a mudança radical do meio social onde recrutava seus alunos. Passou, durante certo período, a exigir-lhes carteira profissional, e conseguiu atrair muitos alunos das classes médias. Entre 1939 – 42 chegou a ensinar capoeira no quartel do Centro de Preparação de Oficinas de Reserva do Exército, no Forte do Barbalho.  Apesar de ter algum reconhecimento oficial, não conseguiu prosperar economicamente e morreu, como todos os outros velhos mestres, na pobreza. Foram seus inúmeros alunos que levaram a capoeira Regional para as outras regiões do país.

O primeiro a propor uma interpretação do surgimento da capoeira Regional, ultrapassando os meros lamentos dos tradicionalistas sobre a “descaracterização” da “verdadeira” capoeira, foi Júlio César Tavares (1984), na tese de mestrado em sociologia intitulada “Dança da guerra: arquivo-arma”. Não há, no entanto, em sua análise, uma percepção dicotômica – que veio a predominar posteriormente -, em que se torna necessária a opção pela Angola ou pela Regional, mas a concepção de que a Regional está integrada à construção de uma nova “retórica do corpo”. Mais tarde, em analogia com o trabalho de Ortiz (1978) sobre a umbanda, Alejandro Frigerio (1989) analisou as mudanças introduzidas pela Regional resultando na esportização da arte, destacando a crescente burocratização, a incorporação de elementos das artes marciais orientais, a cooptação ideológica e política pelo “sistema” e as concepções evolucionistas subjacentes. Tem o cuidado, porém de diferenciar as práticas de Bimba com o desenvolvimento ulterior da Regional (1989, p.95) que para ele significa, tanto pelo conteúdo como pelo universo social dos praticantes, um “embranquecimento” de uma arte negra. Sua análise, porém peca pelo fato de ele adotar como verdadeiro o discurso dos angoleiros sobre a capoeira, tanto Regional como Angola, sem dar conta da complexidade e contradições internas dos dois.

Partindo de um enfoque weberiano, Luiz Renato Vieira defendeu tese de mestrado em 1990, publicada em 1996, sobre a Regional como um aspecto da modernização cultural no Brasil. Neste trabalho, faz uma análise pormenorizada das inovações técnicas introduzidas por Bimba (Vieira, 1996, p. 144-171) que relaciona com o ambiente político e cultural da década de trinta. A recodificação dos rituais, símbolos e gestos operada por Bimba corresponderia a um novo ethos subjacente, que se define, segundo Vieira, pela oposição à malandragem. “A noção de eficiência, que permeia todas as instâncias da Capoeira Regional, aparece como o principal princípio de classificação na visão do mundo que envolve a capoeira criada por Mestre Bimba” (Vieira, 196, p.162). Finalmente ressalta “a afinidade existente entre as proposições de Mestre Bimba, enquanto líder, e os interesses dos grupos sociais dominantes no contexto social em que se inseria” (Vieira, 1996, p.169).

Esta interpretação foi discutida em dois trabalhos recentes. Antônio Liberac Pires (1996a, p. 38-40) critica, sobretudo a falta de fontes para corroborar muitas afirmações feitas, e questiona a validade da reconstrução da história a partir dos discursos da tradição. Letícia Reis (1993, p. 83-84) pondera que interpretar a Regional apenas como um projeto moderno e conformista “não dá conta da complexidade e da dinâmica cultural do mundo da capoeira” e “não consegue explicitar a ambiguidade da capoeira”. Ela mostra que a Regional “resiste quando se conforma”, guardando “elementos que reafirmam a identidade étnica nas músicas, nos toques do berimbau e nos próprios movimentos”.

Estas observações são procedentes e vão nos ajudar a rediscutir alguns pontos controversos. Não questionam a tese central que a compreende Regional como uma modernização da capoeira baseada no modelo autoritário das décadas de 30 e 40, mas permitem relativizá-la. De fato, Reis, em vez de opor a Regional à Angola em termos de modernização / tradição, foi a primeira a analisar estas duas modalidades da capoeira como “duas opções (negras) de esportização” e, portanto, de modernização. Concordamos com a sua análise e adotamos uma linha parecida neste trabalho, insistindo na distinção entre a capoeira baiana tradicional, a “vadiação”, e a Capoeira de Angola praticada hoje.

Voltando ao mestre Bimba: é significativo o quanto as afirmações feitas por seus alunos, seus biógrafos e outros mestres diferem entre si quando tratam justamente dos aspectos que dizem respeito à relação do mestre com a cultura negra e com o poder. Alguns dos velhos mestres reconhecem que Bimba introduziu golpes de outras lutas (tanto orientais como ocidentais), sem, no entanto condená-lo por isto. Já Édison Carneiro (1977, p.14), na sua defesa da capoeira negra e “autêntica”, atribuiu a esta suposta fusão, que qualificou como “mistura de capoeira com jiu-jitsu, Box e catch”, um caráter negativo: “A capoeira popular, folclórica, legado de Angola, pouco, quase nada tem a ver com escola de Bimba”. Na mesma tecla bateu Jorge Amado, chamando a Regional por esta razão de “deturpação que não merecia confiança (apud Rego, 269), Waldeloir Rego (1968, p.269, 285-87), apesar do seu interesse primordial pela capoeira tradicional, fez uma avaliação muito mais serena das inovações introduzidas por Bimba, ressaltando, além do carisma do mestre, o ritual de formatura e a importância da cultura negra na mesma.

Os alunos de Bimba que se tornaram mestres e escritores, como Acordeon (Almeida 1986, p.32), Jair Moura (1991, p.21, 41) e Itapoan (Almeida 1994, p.48), têm levado em consideração e revalorização da cultura negra nas últimas décadas e a possível perda de capital simbólico implicada no reconhecimento de que a Regional teria adotado golpes “alienígenas”. Buscando argumentos contra a acusação de branqueamento, têm insistido sobre o também afro-brasileiro batuque (45) como fonte de inspiração para os golpes novos introduzidos pelo mestre. Apontaram para o fato inconteste de que o pai de Bimba era conhecido batuqueiro. Mais concretamente, diversos ex-alunos seus têm indicado golpes específicos que seriam oriundos do batuque (Almeida, 1991, p.32; 1994, p.48). Outros argumentam que Bimba não podia ter conhecido todas estas lutas na década de vinte para inspirar-se nelas, ou que, posteriormente, apenas passou a ensinar como se defender dos ataques destas lutas, sem, contudo imitar-lhes os golpes, o que teria sido mal interpretado (Almeida, 1994, p.48). (46) Contudo, a posição mais ereta da capoeirista ao realizar os golpes da Regional, como o martelo, por exemplo, não deixam de apresentar fortes analogias com golpes de lutas orientais, assim como as projeções e os agarramentos. Mas até hoje falta uma análise mais aprofundada desta questão, que se basearia numa análise pormenorizada das inovações técnicas da Regional. Seja como for, não deixa de ser irônico que o chamado “branqueamento” ou ocidentalização das técnicas corporais da Regional é, quando muito, uma “orientalização” que escapa a classificações simplistas.

Quanto à influência da ideologia do Estado Novo sobre o mestre Bimba, faltam fontes que comprovem a adesão do mesmo a estes ideais. No entanto, podemos constatar, como o fez Vieira em análise detalhada, a correspondência entre o ethos da capoeira Regional, com a sua insistência sobre a eficiência, a hierarquia, a ordem e a disciplina, e os princípios divulgados na mesma época pelo Estado autoritário, que tentava justamente combater a ideologia da malandragem tão arraigada nas classes populares urbanas, e da qual o ethos da “vadiação” baiana representa um caso paradigmático. Existem, além disso, indícios claros que comprovam, ao nosso ver, a influência direta de ideologias autoritárias. O melhor exemplo é a saudação da capoeira Regional (o “Salve” de braço esticado, ainda hoje utilizado em algumas academias do interior), de clara inspiração fascista. Vale ressaltar, porém, que muitas inovações formais, dos uniformes aos regulamentos da academia, passando pelos símbolos (escudo com a estrela de São Salomão) e textos didáticos, foram elaboradas por alunos de Bimba, que tinham não somente origens sociais diversas, mas também horizontes ideológicos diferentes. A própria relação do mestre com o poder estabelecido tem sido apresentada de maneira bastante diferente por seus alunos. As já referidas apresentações de Bimba para o interventor Juracy Magalhães e o presidente Getúlio Vargas sempre servem para sugerir a proximidade do mestre com o poder, assim como o fato de ter ministrado aulas a oficiais no Forte do Barbalho e o seu envolvimento com os militares, interessados nas suas técnicas de guerrilha. Se isto, por um lado, está bem longe de comprovar a adesão unilateral de Bimba aos princípios autoritários, por outro demonstra o seu anseio de difundir a capoeira fora do seu meio de origem. Segundo alguns alunos, mais identificados com a esquerda, como Muniz Sodré e Jair Moura, mestre Bimba teria sido simpatizante ou mesmo militante do Partido Comunista Brasileiro (apud Capoeira, 1992, p. 77-79). Esta informação, que provém apenas de depoimentos destes alunos e não é comprovada por fontes escritas, foi categoricamente contestada por outros mestres e alunos.
Estes pontos ilustram o quanto a história da Regional se situa no centro de um debate fundamental sobre os valores constitutivos da brasilidade e das formas contraditórias que a modernidade assume no Brasil.

A capoeira moderna II: a reinvenção da Angola.

Se a capoeira Regional se autodefine em grande parte como ruptura com a vadiação antiga, a capoeira Angola insiste na continuidade com a mesma. A sua proposta explícita é tradicionalista, no sentido de manter, o quanto possível, os “fundamentos” ensinados pelos antigos mestres. No entanto, as transformações ocorridas na sociedade brasileira mais ampla, assim como as mudanças introduzidas na própria prática dos angoleiros a partir de 1941, não deixaram de resultar em mudanças significativas que a diferenciam bastante da vadiação do início do século.

A emergência da capoeira Angola moderna está estreitamente associada à figura do mestre Vicente Ferreira Pastinha (1889 – 1981). Pastinha aprendeu capoeira ainda antes da virada do século, segundo suas próprias palavras, com “um velho africano”. Ingressou para a Marinha como aprendiz em 1902. Entre 1910 e 1922, muito antes de Bimba, portanto, já ensinava capoeira para seus colegas aprendizes, e depois para estudantes que viviam nas redondezas (Reis, 1993, p.94; Decânio, 1996, p.44). Mas deixou de ensinar por muitos anos e só veio a assumir a direção de outra academia em 1941. A esta altura, a capoeira Regional já se encontrava em pleno desenvolvimento e o grande mérito de Pastinha foi ter percebido a necessidade de inovação dentro da tradição para garantir que a modalidade de capoeira ensinada por ele permanecesse uma alternativa viável à Regional. Se não fosse por ele e alguns outros mestres tradicionalistas, como Valdemar do Pero Vaz e Canjiquinha, é provável que não existisse a Angola de hoje.

Pastinha, então, introduziu algumas mudanças. Passou a denominar sua luta de esporte, para distanciá-la na marginalidade e legitimar o seu ensino. Adotou uniformes, fomentou um espírito de grupo entre seus alunos e introduziu a graduação formal para mestre. À semelhança de Bimba e seus alunos, passou a se apresentar com o seu grupo na Bahia e no Brasil inteiro, nas décadas de 1940-60, garantindo assim à Angola um mínimo de espaço público. Conseguiu também a ajuda de alguns intelectuais influentes como Jorge Amado, que o ajudaram a receber um – sempre muito limitado – apoio institucional.

Como a capoeira Regional conseguiu muito maior projeção no período 1950 – 1970, a Angola teve que se definir largamente em oposição a esta para justificar a sua existência. Assim, investiu em todos os aspectos que estavam perdendo importância na Regional, ou seja, a teatralidade, a espiritualidade, o ritual e a tradição. Acreditamos que mesmo os movimentos foram estilizados numa determinada direção com o intuito de se distanciar nitidamente do estilo Regional. Por exemplo, os golpes altos, considerados parte da “descaracterização” da Regional, existiam também na capoeira baiana antiga, conforme depoimento de mestre Canjiquinha (Moreira, 1989, p.81). Esta estilização foi um processo gradual, continuado por seus alunos, que, por sua vez, tornaram-se mestres. No entanto, mesmo entre os velhos mestres podem-se registrar divergências importantes em relação à identidade da capoeira Angola ou à maneira como deve-se preservá-la e impedir a sua exploração comercial. Diferentemente de mestre Bimba, que explicitamente criou um estilo novo, para o qual ele é a referência máxima, os mestres da capoeira Angola se legitimam por seu conhecimento de uma tradição mais heterogênea. Mesmo tendo sido a liderança mais importante dentro da capoeira Angola, semelhante em muitos aspectos a Bimba na Regional, mestre Pastinha nunca chegou à posição deste porque se definia como tradicionalista, e, portanto, não punha em relevo as inovações que introduziu na capoeira Angola.

Apesar das divergências no interior da própria Angola, o estilo foi ganhando espaço e consistência. Contribuíram para isto uma nova geração de angoleiros, fortemente engajados no resgate das antigas tradições e decididos a não se deixar explorar e morrer na miséria como a geração anterior. Deu-se uma convergência com segmentos do crescente Movimento Negro, interessado no resgate das tradições afro-brasileiras. A prática de capoeira passou a ser considerada então um veículo adequado para a conscientização étnica e social.

A partir da década de 1980, a Angola conseguiu inverter aos poucos a situação desfavorável em que se encontrava em relação à Regional. Para isto contribuíram mudanças de paradigmas na sociedade brasileira, como a revalorização da herança africana, a própria evolução da Regional para estilos cada vez mais violentos e o paciente trabalho dos mestres angoleiros, difundindo seus ensinamentos em todo o país e, em alguns casos, no exterior. A partir desta época se multiplicaram as “buscas das raízes” por parte de praticantes da Regional desiludidos ou ávidos por novas fontes de inspiração. O resgate da capoeira tradicional não ficou restrito à capoeira Angola, mas passou a ser advogado também por seguidores de Bimba, que aspiram retornar ao estilo Regional “puro” do mestre Bimba.

Nos últimos anos, no entanto, o panorama da capoeira no Brasil e no exterior se tornou de tal maneira complexo que é impossível atualmente distinguir apenas a capoeira Angola e a Regional. A principal razão disso é que surgiram, principalmente no sudeste do país, estilos que se pretendem intermediários, e que têm sido denominados de “Contemporânea” ou mesmo “Angonal”. Seus defensores partem do princípio de que “a capoeira é uma só” e que dividi-la em “estilos” é enfraquecê-la. Idéias repartidas com veemência pelos “puristas”. Em meio à polêmica, tenta-se, assim, difundir a alternativa de uma espécie de “terceira via” no universo da capoeira. Propostas desta natureza têm sua devida aceitação, principalmente em virtude do enorme contingente de capoeiristas, em escala nacional, que não se enquadram por filiação a nenhuma das duas escolas. Esta convergência, prevista por alguns estudiosos (Lewis, 1992, p.212) e almejada por grande número de praticantes, certamente é uma das grandes tendências na capoeira atualmente. No entanto, é questionável se “uma só capoeira” pode realmente satisfazer as aspirações conflitantes dos diferentes estilos e grupos. O próprio crescimento do número de praticantes, a multiplicação dos grupos e a competição no mercado criam poderosas forças centrifugais. No sentido inverso, os grupos “tradicionalistas” que defendem o resgate das tradições e criticam a crescente confusão de valores decorrente da mistura de estilos e de influências alienígenas tampouco conseguem controlar uma situação onde basta cruzar o oceano para tornar-se mestre.

Referências
Vieira L. R e Assunção M. R Mitos, controvérsias e fatos: Construindo a história da capoeira. 1998.


Visita de um mestre da capoeira – Aula prática II

Recebemos a visita de um mestre de capoeira, que nos falou bastante, com muito bom humor sobre como é a capoeira, seus benefícios, técnicas, história, evolução, problemas entre outra coisas. Além de nos dar uma aula breve de iniciação a capoeira.






A aula iniciou com um breve aquecimento e alongamento. Depois se trabalhou alguns exercícios basicos de capoeira que já haviamos aprendido anteriormente como: a ginga e a cocorinha. Depois partiu-se para roda de capoeira.

 

Fundamentos da Capoeira - Aula prática I


A capoeira tem como base a ginga que é utilizado como movimentação, os fundamentos e golpes da capoeira ainda podem ser divididos em movimentação, ataque, floreio e defesa.
Iniciação a ginga
É a troca constante de base. É uma característica da capoeira que consiste na movimentação constante de braços e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vem, avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes.

 Inicia-se desenhando um triangulo no chão, o triangulo é o desenho que baseará a movimentação da ginga para o iniciante na capoeira.


Depois acompanha-se o aluno tentando sincronizar a movimentação de ginga, segurando na mão do aluno e o acompanhando.


Cocorinha

É uma esquiva na qual o praticante se abaixa de frente para o adversário, com os braços protegendo o rosto, não sendo admitido que nenhuma das mãos vá ao chão. O apoio do corpo deverá ser apenas sobre os dois pés, podendo estar estes sobre as pontas ou não.


Os alunos divididos,dois a dois, são encorajados a realizar a cocorinha para se esquivar do chute circular "martelo"(Estando-se em base, a perna de trás sobe lateralmente e flexionada, distendendo-se para tocar o adversário).

É um movimento característico de capoeira no qual o praticante leva as duas mão ao solo subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente de pé. É sempre feito para um dos lados, sendo que possui diversas variações, pois uma das pernas ou mesmo as duas poderão, também passar encolhidas para maior defesa do corpo. A perna que dá o impulso é a perna para o lado que se vai aplicar o aú. A perna que primeiro atinge o chão é justamente a outra, que ao fim do golpe se dobra um pouco para melhor atingir o chão. Também pode ser um golpe ofensivo.

 Inicia-se ao aú ou "estrelinha" temporiazando o movimento em 4 tempos, pode se utilizar a palvara cho-co-la-te para figurar e coordenar a execusão o movimento.

Roda de capoeira, ritmo e música.

Numa roda de capoeira as palmas e o ritmo são fundamentais. Para se ensinar o ritmo das palmas na roda de capoeira se utiliza uma técnica semalhante a do aú, só que agora em três tempos, pode-se utilizar a frase "café-com-pão" como alternativa.
Referências
Portal São Franscisco - Goplpes de caopeira http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/golpes-de-capoeira-2.php acesso em 19 de abril de 2013.

Capoeira, BRASIL!!!




Origens da Capoeira

A capoeira, na sua mais completa definição e formação, nasceu no Brasil. Com início da colonização, os portugueses viram no trabalho escravo um instrumento para o desenvolvimento desejado. Tentaram, no começo, escravizar e explorar o trabalho dos indígenas que aqui já viviam, mas as características físicas e culturais, somadas à resistência ao trabalho cativo por parte dos índios, os levam à morte rápida no cativeiro. A saída encontrada pelos colonizadores foi a escravidão negra, o tráfico de homens negros, trazidos do continente africano para o início de grande saga que marcou a sociedade brasileira: o período das torturas, da lei da chibata e da morte como reguladora das relações de trabalho. Um povo passou a viver na escravidão.

Assim, já no início do século XVI, milhares de africanos foram desembarcados em terras brasileiras. Com eles, a história do país ganhou alterações. Inicialmente foram mão-de-obra nos canaviais e depois na mineração e em outras atividades produtivas. Foram trazidos contra sua vontade, mas, naturalmente, trouxeram sua cultura, sua vivência e, com ela, a semente da liberdade que nunca morreu, mesmo na terra marcada pelos horrores da escravidão.

É claro que essa cultura não estava nas escolas, nos livros nem nos museus. Mas era guardada no corpo, na mente, na vivência histórica do povo e transmitida há séculos através das gerações. Manifestava-se por intermédio da música, da dança, da comida, da filosofia e da religião. Basta recorrer à história do Brasil e encontraremos, a partir do século XVI, a cultura negra presente com o seu vasto conjunto de expressões.

A origem do termo, que a maioria dos etnólogos acredita que seja originário do tupiguarani, “caa” significa mato e “puera” que foi mato. Diziam que quando o negro fugia ele ia para o mato, para a “capoeira”. Estima-se que a capoeira surgiu por volta de 1600, mas não se sabe ao certo se foi nas senzalas ou nos quilombos.
Nas senzalas, era praticada nos momentos de folga e para os senhores não desconfiarem de que aquilo era um combate, aliaram aos golpes, a ginga e a música.
Nas fugas para o quilombo, a capoeira foi muito útil para os escravos nas lutas contra os capitães-do-mato e capatazes. Os negros ficavam escondidos na mata, e quando os capitães chegavam, esperavam a hora certa para atacá-los. Nas batalhas para a destruição dos quilombos a capoeira também foi de grande valia para os negros.

A Resistência

Nenhum povo vive eternamente sob o jogo da escravidão sem se revoltar. Com o negro no Brasil não foi diferente. Suas primeiras reações contra o cativeiro foram as fugas e as revoltas individuais e desorganizadas. Com o tempo, sentiu a necessidade de organizar sua resistência contra o opressor e passou a planejar as fugas e a pensar as formas de luta que travaria para se libertar. Também entendeu que precisava de refúgios seguros, longe ds fazendas, da polícia e capangas do branco escravocrata.
O Corpo Como Arma

Para realizar as fugas, o negro entendeu que precisava lutar. Não tinha acesso a armas nem a qualquer outro recurso de guerra. Tinha apenas seu corpo e a vontade férrea de se ver em liberdade. Havia trazido da África lembrança de jogos e "dança das zebras", disputa festiva pelo amor de uma mulher. O próprio trabalho pesado dotava-lhe de força os músculos. Era preciso juntar e canalizar essa agilidade e força para a luta. A observação do comportamento de alguns animais brasileiros, particularmente o lagarto, a cobra e a onça, que atacam e defendem-se com destreza, ajudou na formação de um conjunto de movimentos que reuniu, então, a agilidade, a técnica e a força.

O Nome

Tornou-se necessário praticar, treinar e organizar os movimentos conhecidos em forma de luta. Para isso era necessário afastar-se das vistas dos feitores e guardas das fazendas, engenhos e minas. Mais uma vez o negro encontrou na natureza esse apoio. Entrava nos matos próximos às senzalas para se esconder e se preparar para a luta. Escolhia o mato com poucas árvores e de ramagem baixa. Essa vegetação leva o nome indígena de "capoeira". Esse termo passou a designar também a forma de lutar e de adestrar o corpo utilizada pelo negro para enfrentar seus opressores: a Capoeira.
Arte - Dança - Música - Instrumento ...Louvo aqui meu berimbau mestre eterno de todo capoeira na senzala
ele avisava da chegada do feitor Berimbau avisou ê ô a chegada do feitor...

Mas, nem sempre era possível afastar-se para o mato para o ensaio da luta. Como o negro nunca deixou de praticar sua cultura, era comum, durante o período da escravidão, que se juntassem grupos de homens e mulheres para a cantoria, para a dança e mesmo para o culto aos orixás que também são saudados com ritmos e cantos. Como a Capoeira nasceu conjugado movimentos de danças, os encontros festivos ou místicos passaram também a ser mais uma oportunidade para a sua prática, já que esses encontros, principalmente os festivos, não eram reprimidos pelos donos de escravos. Assim a Capoeira ganhou o acompanhamento de cantos e ritmos que acabaram incorporados eram os disponíveis e já conhecidos pelo negro com destaque para o berimbau, o atabaque e o agogô. Mas foi o berimbau que ficou como uma espécie de símbolo da Capoeira já que o atabaque e o agogô integram a mitologia africana chegando mesmo, no caso do atabaque, a ser reverenciado como uma divindade. Desta forma, o berimbau, considerado o mestre dos mestres na Capoeira, ganhou importância nas lutas pelas suas possibilidades rítmicas e sonoras. Ganhou a função de comandar o jogo da capoeira com seus diferentes toques. Então, ao som dos instrumentos, palmas e cantorias, o negro recriava o seu universo cultural, cultivava o seu misticismo, alegrava-se ou lamentava-se e ainda se preparava para a luta.

Os feitores e capatazes passavam ao lado da festança e acreditam ser apenas um encontro para a "dança de Angola", que recebia esse nome em função da nação africana que mais cedeu negros para o tráfico de escravos. Afastando-se os feitores, intensificava-se o treinamento e o negro aparelhava-se cada vez mais para lutar. Mesmo que um feitor parasse e ficasse admirando a dança, dificilmente compreenderia que aqueles movimentos, executados com leveza dos felinos e com a plástica de um bailarino, pudesse trazer, no seu conjunto, poderosos golpes desequilibrantes, traumatizantes e rápidos como o bote da temível cascavel.
As Fugas e os Quilombos

Mas a escravidão continuava, o sangue do negro molhava as terras do Brasil ao mesmo tempo que sua força-de-trabalho movia a economia da então colônia portuguesa. Mas o negro não aceitava a condição de escravo nem os métodos desumanos da escravidão. Lutava, fugia, procurava ganhar forças junto a outros setores da comunidade, sensibilizava os chamados abolicionistas.

Em suas fugas utilizava-se da Capoeira para o enfrentamento com os seus opositores. Embrenhava-se no mato, procurava um lugar onde a água fosse boa e a terra generosa e que fosse de difícil acesso aos chamados "capitães-do-mato", homens encarregados de recapturar os negros fugitivos. Essas localidades, que agregavam geralmente um significativo número de homens e mulheres negros, ficaram conhecidos como "quilombos" e seus moradores como "quilombolas".

O mais famoso e importante quilombo da história brasileira foi o quilombo de Palmares, que surgiu no início do século XVII onde hoje se situa o atual Estado de Alagoas.

Esse quilombo ganhou importância pela sua organização interna, sua capacidade de resistência na guerra contra os escravocratas e pela eficiência de seus integrantes na produção de alimentos, roupas e posteriormente armas. Palmares resistiu a quase um século as agressões dos brancos.

Todo quilombo possuía um líder, o Ganga Zumba que, por sua vez obedecia a um líder maior, com influencias em vários outros quilombos, chamado Zumbi, um misto de homem-guerreiro e de deus da guerra. O mais famoso foi justamente o lendário Zumbi dos Palmares, hoje símbolo da toda luta e resistência contra todas as formas de injustiça e de opressão. Zumbi dos Palmares comandou os guerreiros de Palmares nos últimos anos de existência daquele quilombo.

Estrategista habilidoso, guerreiro imbatível, instituiu a Capoeira no adestramento de seus homens. Palmares foi destruído em 1694 pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Zumbi conseguiu escapar vivo, mas tempos depois foi traído. Preso, foi decapitado e sua cabeça viajou quilômetros para assustar, intimidar os negros. Não adiantou. Os negros julgavam Zumbi imortal e a luta continuou...
A Abolição e as Dificuldades

Em 1888 ocorreu "Abolição da Escravatura". O mínino que se pode dizer é que a capoeira desempenhou importante papel para apressar o fim da escravidão instituída. Foi luta, foi resistência, foi instrumento que apavora os opressores. Reunidos em grupos, os negros formavam as famosas "maltas", conjunto de capoeiristas temíveis que investiam contra fazendas e engenhos para libertar outros negros. A capoeira convenceu, pelo medo, aqueles que insistiam em ver na escravidão vantagens econômicas, que o melhor seria a abolição.

Mas os problemas dos negros não terminam com a assinatura da Lei Áurea. A falta de trabalho, o difícil acesso à educação e mesmo a exploração dos que conseguiam alguma forma de emprego continuam existindo e marcam nossa história até os dias de hoje.

Os capoeiristas, após a abolição, encontraram mais uma vez na capoeira meio de sustento e instrumento de educação de seus filhos e apadrinhados. Faziam exibições públicas, participavam de apostas e desafios nos quais sempre se podia ganhar algum dinheiro. Continuou também como uma arma de defesa de uma camada social explorada e discriminada.

Por outro lado, foi impossível barrar o surgimento de grupos que colocavam a capoeira a serviço de grã-finos e de políticos inescrupulosos que sabiam muito bem usar o povo contra o próprio povo. As Maltas menos esclarecidas eram utilizadas para desmanchar comícios, perseguir adversários políticos e desmanchar reuniões públicas. Consta até mesmo que, aproveitando-se da ilusão de que a princesa Isabel era protetora dos negros, os monarquistas criaram grupos de capoeiristas que atacavam os republicanos.

A Proibição

Perseguida a ferro e fogo durante a escravidão, a capoeira continuou sendo alvo dos poderosos mesmo após a abolição. Agora era com leis que tentavam dar-lhe um fim. O código penal de 1890, criado e imposto durante o governo de Deodoro da Fonseca, proibiu a prática da capoeira em todo o território nacional. O código foi reforçado com decretos que especificavam penas pesadas contra capoeiristas. A perseguição oficial somava-se o ódio de alguns chefes, chefetes e vassalos da polícia que tentaram, então, exterminar por completo a capoeira. O motivo só pode ser aquilo que ela traz na sua essência: A Liberdade.

E foi em nome da liberdade, agora não somente para o negro mas para a capoeira como um todo, que a luta continuou. E mesmo sob o ferro da repressão, grandes nomes de capoeiristas célebres passaram para a história como Nascimento Grande, Manduca da Praia, Natividade, Pedro Cobra e Besouro Magangá, entre outros. Mas é o nome desse último, Besouro nasceu na Bahia e ganhou esse nome devido à lenda que o cerca, atribuindo-lhe a capacidade de se transformar em inseto e fugir voando quando cercado por muitos homens armados. Sem usar armas, o famoso capoeira, bateu-se a vida toda contra a injustiça. Defendeu trabalhadores contra patrões desonestos, investiu inúmeras vezes contra a polícia para defender inocentes. Perseguido, nunca deixou-se prender. Nem as balas conseguiram acabar com ele. Foi vítima de uma arma mais poderosa: A Traição. Seu nome é glória na capoeira e símbolo de todo aquele que combate a injustiça e a desigualdade.

Mesmo com toda perseguição, a Capoeira não foi extinta. Nos terreiros, nos quintais, no mato, ela continuou sendo transmitida de pai para filho, de amigo para amigo, de camarada a camarada. Continuou inclusive seu aperfeiçoamento, sua capacidade de dotar o corpo de condições perfeitas para todo o tipo de enfrentamentos. Sobreviveu aos diversos períodos ditatoriais pelos quais passou a República no Brasil.

Em 1932, no Governode Getúlio Vargas, o país enfrenta mais uma de suas inúmeras crises. Getúlio Vargas, político esperto, trata de agradar o povo com medo de sua possível revolta organizada. Sabia que a Capoeira estava latente no seio do povo e mandou que a liberassem. Impôs, porém, a condição de que ela fosse praticada apenas como folquedo, como "folclore", e que perdesse, assim, sua condição de cultura popular, de elemento utilizado pelo povo.
Da Angola Surge a Regional

Foi após a liberação que a história de Capoeira sofre uma profunda divisão. Continuou sendo praticada nas suas oringens, ainda com o nome de Capoeira de Angola mas perdia terrenos para outras formas e costumes que visavam atender a interesses econômicos, como o turismo, e interresses políticos para agradar autoridade plantão. Um nome que lutou a vida toda para preservação da Capoeira, como cultura popular, como herança histórica foi Mestre Pastinha - Vicente Ferreira Pastinha, chamado Mestre dos Mestres na Capoeira. Para Pastinha, a Capoeira era muito mais que luta, que esporte, era filosifia de vida.

Mestre Pastinha

A grande marca da Capoeira de Angola é o seu apego à intuição, à capacidade do corpo de responder as necessidades, cultiva mais que a força, o reflexo e a malícia. Caracteriza-se muito mais pela defesa do que pelo ataque e perspicácia em perceber o melhor momento para os golpes fatais. Essas características dotam-lhe de grande beleza plástica e nas rodas, os movimentos parecem ocorrer em câmera lenta. Isso deu ao Mestre Pastinha a condição de ser chamado de "O Poeta da Capoeira".

Outro nome a respeito e importância dentro da Capoeira foi o Mestre Bimba - Manoel dos Reis Machado, baiano, criador da Capoeira Regional. Bimba aprendeu capoeira com um negro africano. Seu primeiro contato foi com a Capoeira de Angola. Tendo sido um excelente aluno, tornou-se rapidamente um exímio capoeirista. Preocupou-se com o aperfeiçoamento técnico da capoeira e foi o primeiro a tentar sistematizar uma linha para o aprendizado da luta. Passou a estudar os movimentos do corpo na capoeira, seu equilíbrio e a velocidade que precisavam atingir. Tomou contato com outras lutas, observou novamente as danças brasileiras. Juntou tudo isso e formou um mátodo de ensino no qual, antes de conhecer a capoeira propriamente, o aluno passa por uma série de exercícios físicos que lhe darão condições de jogo, e luta. Bimba foi absorvido, em grande parte, pelas idéias de transformar a capoeira em puro Esporte Nacional, sem associá-la a sua Essência História mas, nem por isso, deixou de prestar um grande serviço à Capoeira. Sua preocupação maior foi a de permitir que qualquer um, branco, negro, forte ou fraco, tivesse acesso ao aprendizado da Capoeira.

Mestre Bimba

Pensando assim, em 1937 Bimba fundou sua famosa academia agora com todo um método de ensino. Não havia mais o improviso, nem o peso da intuição e da malícia. Com Bimba a Capoeira precisava ser treinada exaustivamente e o condicionamento físico passou a ser mais importante que a malícia e o reflexo. Com a incorporação de elementos de outras lutas, os golpes de ataque passaram a ter mais presença e importância do que os de defesa, a força ganhou mais destaque que a manha e a astúcia. Muitos dizem que a Capoeira Regional empobreceu a Capoeira, mas talvez esta não tivesse sobrevivido às perseguições se não fossem as inovações concluídas por Mestre Bimba. E nunca poderá ser negado que a Regional é uma evolução da Capoeira de Angola. E a Capoeira está viva.

Nos dias de hoje

Hoje, não sem luta nem sem esforços, a capoeira ganhou mais espaço e respeito. Sua força e importância são de tamanha grandeza que, mesmo diante de tantas perseguições, continua existindo e se multiplicando. São inúmeras as academias existentes no país e, em muitas, a preocupação com a preservação de sua integridade histórica é constante. Algumas, ao lado da regional, ensina-se também a capoeira de angola. Em toda academia que merece ser chamada de academia de capoeira são ensinados os cânticos, as músicas e letras e o domínio de, pelo menos, um dos instrumentos da capoeira.

Um forte movimento social, juntamante com pedagogos, psicólogos e professores, vem desenvolvendo um trabalho sério no sentido de provar às autoridades que o ensino da capoeira é uma prática das mais adequadas para os estudantes brasileiros. O movimento visa à adoção da capoeira nas salas de aulas de educação física, nas escolas brasileiras.

Muitas escolas já adotaram no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. O argumento incontestável para essa adoção é o que a capoeira proporciona em termos de equilíbrio, concentração, aumento dos reflexos e de toda a coordenação motora. Além disso, o contato com a capoeira é um mergulho na história do país. Um incentivo para uma visão de mundo mais solidário e mais humana, no conturbado contexto de nossa sociedade atual.





Referências
Federação de capoeira desportiva do Rio de Janeiro http://www.fcdrj.com.br/Capoeira.php Acessado em 19 de abril de 2013.


Centro Cutural Água de beber www.aguadebeber-pt.com Acessado em 19 de abril de 2013.